Querida X,
sintonizamos hoje a estação de rádio. de hoje não passa.
tu sabes,
canais são opções de passagem, são alternativas, são oportunidades.
não raras vezes gostava de ter à mão, incorporado, um sistema Walkie Talkie para comunicar directamente com essa casa. sem tirar nem pôr.quando de algum encontro extraímos uma essência familiar.
quando alguém coincide connosco no dialecto, na língua natal, e
surge um reconhecimento, um pertencer ali, àquela vibração, àquele vocábulo, àquela expressão.
quando sentimos uma ressonância, uma cumplicidade óbvia, embora nem sempre o seja:
não há dúvida que é o melhor do mundo. e que nos custa até aos ossos assumir que é preciso calçar as botas de montanha, o sobretudo e o impermeável e sair porta fora, abraço fora.
sair do quente afectivo para correr o risco da intempérie. mas como lembras, X,
tem que ser. e o que tem que ser, como se diz cá em casa, tem muita força!
também há casas abandonadas que ressuscitam quando as voltamos a habitar.
crescer fora de casa é crescer para dentro do mundo.
achas que podemos calçar os chinelos,
acender a lareira,
ficar a ouvir as promessas em cherry blossom
e deixar a emulsão de obrigações para depois?
Diz que sim... <3